Caixa anuncia abertura de 75 novas agências, mas não aponta solução para deficit de aproximadamente 20 mil bancários

Por Comunicação APCEF/MG

Recomposição do quadro de pessoal do banco público, que provou ser essencial ao país no atendimento a 120 milhões de brasileiros nesta pandemia, é reivindicação histórica da Fenae. A falta de trabalhadores prejudica qualidade da assistência à população e a operacionalização de novas unidades pode ficar comprometida por falta de indicação do banco para contratação de mais empregados

A direção da Caixa Econômica Federal disse que serão abertas 75 agências do banco nos próximos três meses. Segundo o anúncio — feito na noite desta quinta-feira (28) por Jair Bolsonaro e o presidente do banco, Pedro Guimarães —, mais de 50 dessas unidades serão instaladas nas regiões Norte e Nordeste, em municípios com mais de 40 mil habitantes e boa parte delas será focada no agronegócio. Guimarães, contudo, não informou como as agências vão funcionar, considerando que a estatal possui um déficit de aproximadamente 20 mil bancários.

A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) observa que o banco público chegou a ter 101,5 mil trabalhadores em 2014 e atualmente conta atualmente com 84,2 mil empregados. Apesar disso, a Caixa trabalha com a estimativa de desligamento de mais 7,2 mil trabalhadores por meio de Programa de Desligamento Voluntário. Com a saída de 2,3 mil empregados no último PDV, em dezembro, o atual déficit é de 19,6 mil bancários, colocando em risco real a capacidade e a qualidade da assistência à sociedade.

“Não fosse o empenho dos trabalhadores da Caixa para o pagamento do auxílio emergencial e de outros tantos benefícios sociais, 120 milhões de brasileiros não teriam conseguido sobreviver nesta crise econômica sem precedentes”, ressalta o diretor de Formação da Fenae, Jair Pedro Ferreira. “A abertura de agências é um fato positivo. Mas, como será a operacionalização destas unidades se não há qualquer indicação do banco para a contratação de novos empregados?”, questiona. “Além de piorar as condições de trabalho, a falta de bancários prejudica o atendimento à população; principalmente, neste contexto de pandemia”, reforça Ferreira.

A reposição do quadro de pessoal da Caixa é uma demanda histórica dos empregados do banco. No Acordo Coletivo de Trabalho 2014/2015, a direção da empresa — por força de decisão judicial — se comprometeu a realizar duas mil contratações.

Trezentos concursados (de 2014) foram convocados em maio do ano passado para atuarem no Norte e no Nordeste. Contudo, o número está longe de ser o ideal, segundo apontam a Fenae e outras entidades representativas da categoria. Estima-se que dos mais de 30 mil aprovados no último concurso, menos de 10% foram chamados.

No último dia 22, Pedro Guimarães disse, em visita a João Pessoa (PB), que o banco iria contratar 500 empregados em 51 cidades onde a instituição pretende abrir agências.

“A cada dia, os empregados estão mais sobrecarregados e adoecidos. Não adianta contratar 500 novos trabalhadores para unidades que serão pretensamente abertas e forçar a saída de milhares de bancários com planos de demissão e aposentadorias”, analisa Jair Ferreira. “Precisamos de mais empregados, urgentemente. A Caixa perdeu quase 20 mil trabalhadores nos últimos 10 anos e não houve reposição das vagas. Então, esse número é muito pouco para suprir a carência de pessoal nas unidades do banco em todo o país”, acrescenta.

Em defesa de mais contratações, a Fenae e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) iniciaram um trabalho de coleta de adesões a um abaixo-assinado, cujo objetivo é reivindicar a recomposição do quadro de empregados da Caixa, reduzido ano a ano. A iniciativa foi adotada com o entendimento de que, sem investimentos, o banco público é submetido à precarização das condições de trabalho, o que reflete no adoecimento dos empregados e na qualidade do atendimento à população.

Reestruturação

Em todo o país, os bancários da Caixa se dedicam, desde o início da pandemia, na assistência a mais da metade da população, entre beneficiários do auxílio e do FGTS emergenciais e também do Bolsa Família. “Além deste esforço e correndo riscos de contaminação pelo coronavírus, os empregados ainda sofrem pressões absurdas por metas”, conta Jair Ferreira.

Conforme lembra o diretor da Fenae, mesmo em uma conjuntura como essa, a direção da estatal iniciou, no último mês de novembro, uma “açodada e abrupta” reestruturação do banco. As mudanças atingem diferentes áreas do banco; inclusive, as gerências executivas de Governo (Gigov) e de Habitação (Gihab), responsáveis pelo planejamento urbano dos municípios.

O banco dos brasileiros

A Caixa Econômica Federal é a principal operadora e financiadora de políticas públicas sociais, além de geradora de emprego, renda e desenvolvimento. Cerca de 70% do crédito habitacional é feito pela Caixa e 90% dos financiamentos para pessoas de baixa renda estão no banco público. Além de moradias populares — como as do programa Minha Casa Minha Vida — a estatal também investe na agricultura familiar, no Financiamento Estudantil (Fies) e nas micro e pequenas empresas.

A Caixa está presente na vida de empreendedores e é o banco que mais facilita o crédito para os pequenos negócios. Só em 2020, liberou mais de R$ 28 bilhões em financiamentos a juros baixos para 300 mil pequenas e médias empresas.

O banco é, ainda, a maior parceira dos estados e municípios no financiamento de grandes obras de saneamento e infraestrutura — áreas essenciais para a garantia de melhor qualidade de vida à população.

A Caixa está em 97% dos 5.570 municípios para que as ações sociais cheguem a quem mais precisa. São 54 mil pontos de atendimento disponíveis no país: 4,2 mil agências e postos, 8,6 mil correspondentes bancários, 12,9 mil lotéricos e 28,3 mil caixas eletrônicos (ATM’s). Além disso, é o único banco que chega aos locais mais remotos por meio de oito unidades-caminhão e duas agências-barco na Região Amazônica.

Fonte: site Fenae

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