A Caixa apresentou contraproposta, mas Comissão aparenta estar irredutível na decisão
Um embate entre a Caixa e a Comissão Paritária da Promoção por Mérito tem acontecido nas últimas semanas. O conflito é pela implementação da Gestão de Desempenho de Pessoas, abreviado para GDP, como critério absoluto para avaliação da Promoção por Mérito referente ao ano de 2020. A Caixa não concorda com o método.
No dia 16 de dezembro, uma reunião entre as partes envolvidas aconteceu para dispor partes do acordo. A Comissão propôs a distribuição linear de um delta (promoção por progressão na carreira) para todos os empregados não enquadrados nos impedimentos previstos pelo RH 176 (os impedimentos são ter menos de 180 dias de efetivo exercício, mais que 3 faltas não justificadas, ter recebido censura ética, penalidade de suspensão ou de advertência, caso tenha recebido outra há menos de 5 anos). A Caixa recusou e indicou que os representantes dos trabalhadores apresentassem uma proposta alternativa para ser discutida. A reunião aconteceu nessa terça-feira (22).
“Na reunião de hoje nós apresentamos uma proposta alternativa, trazendo elementos da GDP para a sistemática, que mantivesse a condição do empregado atingir um delta caso cumprisse os critérios objetivos. Mas a Caixa recusou porque o que ela quer, de fato, é impor o GDP sem ouvir a representação dos empregados”, analisou a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), Fabiana Uehara Proscholdt.
Novos critérios
A Comissão apresentou uma nova proposta para ser avaliada pelo banco:
– 20 pontos para a frequência medida pelo Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon)
– Curso da Universidade Corporativa Caixa que é cobrado no “eixo estilo” da GDP, valendo 20 pontos (podendo ser realizado até 28/02/2021);
– Pontuação extra: 5 pontos para quem tiver o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) válido em 31/12/2020;
– Pontuação extra: Ações de autodesenvolvimento, com 2 pontos por curso registrado no currículo; (A pontuação extra teria limite de 10 pontos)
– Avaliação de competências da GDP, valendo 20 pontos.
Com isso, o funcionário que alcançasse 40 pontos neste novo sistema teria um delta. Já o segundo delta seria distribuído às maiores notas da unidade, como nos anos anteriores. Porém, a Caixa não aceitou a proposta e manteve sua posição inicial, onde deveriam usar apenas os parâmetros da GDP.
Justificativa
“Isto é ficção. Em nenhum momento a Comissão aceitou ou sequer sinalizou acolher os parâmetros da GDP para avaliação. Pelo contrário, nós propusemos que os critérios acordados no ano passado valessem por dois anos. Basta verificar a ata da reunião. Fosse verdade, bastava a Caixa fechar a GDP e publicar a promoção por mérito. Não seria necessário voltar a negociar em Mesa”, explica o coordenador da representação dos empregados no GT, João Paulo Pierozan, ao justificar a constante recusa da Caixa às propostas da Comissão.
Fabiana Procholdt comentou que estabelecer a GDP como o único e absoluto critério de avaliação é o mesmo que aplicar uma avaliação criada somente por um lado: o do banco.
“A essência desta comissão está sendo desrespeitada a partir do momento em que é imposta, por parte da Caixa, uma forma de mensurar o mérito dos empregados por meio de uma ferramenta que já foi denunciada pela CEE/Caixa como instrumento muitas vezes de assédio. A empresa deveria é valorizar o seu capital humano por tudo o que fizeram neste ano tão surreal. Não discutimos ainda os parâmetros da GDP e desde a Campanha Nacional temos conversado com a Caixa que queremos abrir esse debate. Não vamos aceitar parâmetros que adoecem os trabalhadores”.
O presidente da Federação das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, questiona se é justo que o peso recaia sobre os empregados e avalia o desempenho dos empregados durante esse ano de pandemia, mais complicado do que normalmente já é.
“As últimas ações da direção da Caixa mostram um verdadeiro desmonte da Caixa e desrespeito aos empregados para cortar gastos. “Déficit de empregados, fechamento de postos de trabalho, devolução de prédios com uma reestruturação desrespeitosa aos trabalhadores, sobrecarga de trabalho, retirada de direitos. O que percebemos é que o corte de gastos sempre pesa para os trabalhadores. O trabalho dos empregados frente à pandemia, no pagamento dos benefícios emergenciais, já foi reconhecido por toda a sociedade. É justo que estes trabalhadores sejam punidos pela direção do banco mesmo depois de comprovarem sua importância diante da maior crise do país, atendendo a mais da metade da população?”, questiona.
Histórico
Desde o fim da Campanha Nacional dos Bancários de 2020, em agosto deste ano, os representantes dos trabalhadores tentam se reunir com a Caixa para discutir as formas de avaliação dos empregados, que serão levadas em consideração para receberem o delta em 2021. Com os sucessivos cancelamentos e adiamentos por parte da Caixa e, agora, a intransigência em relação ao GDP, a CEE/Caixa teme que o impasse provocado pelo banco comprometa o pagamento da promoção aos empregados. “Nós vamos levar a questão para a Mesa Permanente. Nossa opção é sempre o diálogo”, disse Fabiana Proscholdt.
Vale lembrar que a promoção por mérito está prevista no Acordo Coletivo 2020/2022. “A Caixa realizará sistemática de promoção por mérito em 2021, referente ao ano base 2020, dos empregados ativos em 31.12.2020 […], conforme regras negociadas com as Entidades Representativas dos Empregados”, diz a cláusula 51 do documento.
Departamento de Comunicação da APCEF/MG com informações da Fenae