Variantes do coronavírus são mais transmissíveis que cepa identificada no início da pandemia, diz infectologista

Por Carolina Marçal

Especialistas afirmam que por mais incômodo que seja, devemos manter as medidas preventivas, não é hora de afrouxar

Diante da negação da transmissibilidade da Covid-19 do atual governo brasileiro, e da demora do início do calendário de vacinação no Brasil, culminando em um número estarrecedor de mortes por Covid-19, o surgimento de novas variantes, responsáveis por aumento de gravidade e transmissão, preocupa especialistas. Em entrevista para a Fenae, a médica infectologista de Brasília, Joana Darc Gonçalves, ressalta que surge um risco de complicação com o aparecimento de novas cepas, uma vez que a disseminação da variante Delta do coronavírus no Brasil, por exemplo, está mais rápida que a cepa identificada no início da pandemia.

De acordo com a infectologista, a variante Delta é extremamente transmissível, em alguns países já é responsável por mais de 90% dos casos de infecção. “Certamente teremos um aumento do número de casos pois ainda são poucos os imunizados e muita gente com apenas uma dose da vacina, o que não garante proteção total. Quanto mais tarde vacinarmos totalmente a população, maior o risco de seleção, mutações virais, que podem ser responsáveis por escape imunológico. Quanto maior o número de infectados, mais chance de novas variantes de preocupação, como é o caso da variante P1 – Gama”, explicou.

Segundo Joana, os testes para diagnóstico precisam ser renovados a cada variante. “As mutações podem comprometer o diagnóstico molecular e os painéis devem ser ajustados. Por isso, a importância dos centros de vigilância Genômica, para as orientações quanto as mutações”, afirmou. 

Pesquisas apontam que a proteção contra novas cepas só ocorre com a segunda dose. A vacinação avança timidamente no Brasil, atingindo 23,85% de brasileiros vacinados com as duas doses da vacina contra a Covid-19. 

Variantes – Não é hora de afrouxar medidas protetivas 

As variantes – termo utilizado para fazer referência às alterações genéticas identificadas num determinado agente infeccioso – de preocupação, são aquelas que parecem se transmitir mais facilmente e apresentam maior potencial de causar infecções graves, estão presentes em quatro categoria principais e denominadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo alfabeto grego na nomenclatura como: variante Alfa, identificada no Reino Unido; variante Beta, na África do Sul; variante Gama, no Brasil e variante Delta, identificada na Índia. 

De acordo com dados da Rede Genômica Fiocruz, enquanto a variante Gama, a cepa P1, identificada inicialmente em Manaus, dobrou sua participação do segundo para o terceiro mês de presença, passando de 11,5% para 23,6% dos casos entre dezembro de 2020 e janeiro deste ano. Já a Delta, originária da Índia, se multiplicou por nove em período similar, indo de 2,3% para 21,5% entre junho e julho. A Delta, também já é disseminada em outros países, incluindo o Brasil, sendo identificada em 13 estados brasileiros e no Distrito Federal, segundo o Ministério da Saúde. Para se ter uma ideia, ela foi responsável por um aumento de casos no Reino Unido. 

Segundo Joana Darc, para termos mais segurança teríamos que ter pelo menos 80% de imunizados. “Devemos manter as medidas preventivas, por mais incômodo que seja, não é hora de afrouxar. Ainda temos muitos vulneráveis”, alertou a infectologista.

Com informações do site da FENAE

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