Psicóloga afirma que manter rotina é fundamental para controlar doença
Após passar mais de um ano da pandemia de Covid-19 no Brasil, especificamente, voltamos à estaca zero. A esperança de que em abril de 2021 a situação sobre a proliferação do novo coronavírus estaria mais controlada e que a vida estaria voltando ao normal vai se desfazendo aos poucos.
Comércios fechados, isolamento total, toque de recolher e escolas ainda sem receber os alunos vêm, cada vez mais, gerando desemprego, renda baixa, contas acumuladas e home-office. Esses e outros fatores desencadeiam nos indivíduos uma série de preocupações que aos poucos se transformam em ansiedade.
O que é a ansiedade e como identificá-la?
A ansiedade já é uma reação natural do corpo humano, assim como o medo por exemplo, e está relacionada até com as atividades mais cotidianas: provas, viagens, entrevistas de emprego, entre outros. Em resumo, é um distúrbio psicológico que causa angústia, apreensão, nervosismo e preocupação.
Por ser algo comum, a ansiedade não é considerada uma doença. Porém, a questão é quando ela se descontrola e apresenta níveis irregulares, afetando o indivíduo de forma negativa. Assim, a ansiedade evolui para o chamado transtorno de ansiedade e é considerada uma doença psicológica.
A ansiedade afeta as pessoas não só no corpo, mas também na mente. Os sintomas comuns são: nervosismo, irritabilidade, tristeza, angústia, sofrimento por antecipação, dificuldade de concentração, falta de ar, sudorese, tremores, sensação de sufocação, medo de perder o controle, coração acelerado, dores musculares, preocupações ou medos excessivos, tontura, pensamentos pessimistas e dores de cabeça.
Aumento da ansiedade na pandemia
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) antes da pandemia, 9,3% dos brasileiros já apresentavam algum quadro de ansiedade, como TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), fobias, TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), estresse pós-traumático e os ataques de pânico. Agora com a pandemia, os casos aumentaram em 80%. Já de acordo com o IBOPE IBOPE inteligência apontou que as mulheres ficaram mais ansiosas boa parte do tempo durante a pandemia. A pesquisa, solicitada pela empresa Weleda, revelou que a ansiedade está atingindo, principalmente, as mulheres mais jovens, entre 20 e 29 anos.
Já a psicanalista e neurocientista Ângela Mathylde afirma que preservar a saúde mental, através principalmente do autoconhecimento, alinha o eixo da normalidade. Isso porque a ansiedade é transformada em outras ações que nem sempre se percebe: comer demais, beber mais do que se está acostumado e síndrome da limpeza excessiva. Em muitos casos, terceiros notam a mudança de comportamento, alertam, mas são ignorados. Por isso o auto conhecimento é muito importante.
A psicanalista ainda declara que a ansiedade pode se tornar uma depressão. “Ela (ansiedade) é um misto de depressão, incerteza e euforia. O que a gente tem que saber são quais os sintomas que estão na vida da pessoa e que tem tirado dela tempo, sono, apetite, tanto sexual quanto de comida, e o interesse social. Tudo isso a gente tem que saber a intensidade. Tudo diz respeito à intensidade, ou para mais ou para menos. O equilíbrio é um ponto importante do ser humano”, ressaltou Ângela.
A partir do momento que se descobre que a ansiedade está para mais, o excesso da doença e da depressão podem tirar o indivíduo de seu objetivo, dos seus sonhos e pode estagnar sua vida por perder totalmente a motivação com tudo ao seu redor.
Dicas de como trabalhar a ansiedade
A pandemia mudou a rotina da maioria dos brasileiros. Esse impacto repentino de todos em casa com esposas, maridos, filhos e ainda trabalhar remotamente bagunçou a vida das pessoas em geral. “As ações compulsivas passam a ser exageradas porque não sabemos lidar ainda com esse espaço que, apesar de cotidiano, passou a ser novo já que ninguém nunca ficou tanto tempo dentro de casa. E com isso, nós estamos vendo separação de casais e agressividade com os filhos. (…) E dentro de casa, se não tiver rotina, vai haver discussão, DRs e cobranças que a pessoa não dá conta de gerir porque antes da pandemia não tinha rotina, mas sim costume”, conclui a neurocientista.
Dicas para lidar melhor com a ansiedade:
O vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Claudio Martins, disse que é fundamental não perder o contato virtual com amigos e familiares, além de se manter ocupado. E recomenda que as pessoas que trabalham continuem seus projetos em casa sempre que possível. “É importante manter o autocuidado com a alimentação, hidratação e se comunicar por meios eletrônicos. É necessário ocupar a mente com outras coisas e não passar o dia vendo notícias sobre coronavírus. Não pode ficar concentrado na doença, pois isso pode gerar uma obsessão mental e incapacitar as pessoas de se desenvolverem”, afirmou Martins.
Lembre-se: sempre faço algo que lhe der prazer e sempre preserve seu auto conhecimento!
Referências: Dasa – coronavírus / Viva bem
Departamento de comunicação APCEF/MG