Pesquisa do Dieese revela que 32% de 11 mil trabalhadores de bancos entrevistados não têm controle sobre jornada de trabalho em casa e quase metade utiliza a sala como “escritório”. Fenae defende teletrabalho em proteção à vida dos empregados mas, pondera que questões como jornada e estruturas precisam ser regulamentadas
A primeira reunião de negociações para a definição do acordo coletivo dos trabalhadores da Caixa Econômica Federal ocorrerá nesta sexta-feira (7). O encontro virtual entre a Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) e representantes do banco está marcado para as 11h.
A pauta de reivindicações — definidas pelos 265 delegados do 36º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef), realizado no último mês de julho — tem três eixos: Defesa da Vida (Democracia, Empresas Públicas, Bancos Públicos e Defesa da Caixa 100% Pública); Saúde (Saúde e Condições de Trabalho, Saúde Caixa e Funcef) e Direitos (Convenção Coletiva de trabalho/CCT, Acordo Coletivo de Trabalho/ACT e Contratações). Conforme adianta a coordenadora da CEE/Caixa e secretária da Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fabiana Uehara Proscholdt, esta primeira reunião vai tratar do teletrabalho no banco.
“Não sabemos até quando se dará a pandemia do coronavírus. Mas hoje, da forma como o home office está ocorrendo na Caixa, não é bom para o trabalhador”, afirma. “Não existe jornada, as metas são abusivas e não tem ergonomia, dentre outras irregularidades”, alerta Uehara.
REGULAMENTAÇÃO — O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e secretário de Finanças da Contraf-CUT, Sérgio Takemoto, destaca a necessidade de regulamentação do teletrabalho. “Vamos continuar defendendo o home office durante a pandemia para defender a vida. Mas, após esse período, teremos que fazer uma grande discussão com os bancos”, defende. “Precisamos discutir questões como jornada, estruturas, quem será responsável pela compra dos equipamentos. Tudo isso precisa ser regulamentado. Não podemos deixar nas mãos dos bancos”, acrescenta Takemoto.
Fabiana Uehara lembra que a continuidade do trabalho remoto na Caixa já estava sendo avaliada pelo banco, inclusive por meio de projeto-piloto (desde 2019). No último mês de junho, o presidente do banco, Pedro Guimarães, disse que a empresa vai expandir o home office após a pandemia.
Em 2017, a Reforma Trabalhista regrou o teletrabalho. Mas, acabou beneficiando as empresas ao transferir os custos dos empregadores para os trabalhadores, entre outros problemas.
PESQUISA — Na última terça-feira (4), o Comando Nacional dos Bancários apresentou, a representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), uma série de propostas para regulamentar o home office. São diretrizes para normatizar o trabalho à distância da categoria bancária, que chegou a ter cerca de 300 mil pessoas em home office.
Questões como o agravamento da saúde após o teletrabalho, custos com equipamentos não compensados pelos bancos e jornadas de trabalho excessivas são alguns dos impactos levantados em uma pesquisa realizada de 1º a 12 de julho, em meio à pandemia da covid-19. O levantamento foi feito pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese) com cerca de 11 mil bancários que estavam em trabalho remoto.
De acordo com a pesquisa, apenas 19% disseram que têm algum cômodo apropriado para o home office. Quase metade dos consultados (44,8%) utiliza a sala de casa como escritório de trabalho. Até a cozinha é usada no teletrabalho: opção de 5,1% dos bancários.
A presidente da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, destaca que, segundo o levantamento, 32% dos entrevistados não têm controle sobre a jornada de trabalho em casa. “E fica pior para as mulheres porque o teletrabalho acaba sendo um fator de acúmulo para elas”, observa Moreira.
Fonte: fenae.org