Caixa lucra R$ 17,26 bi e mais de 40% provêm de eventos não recorrentes

Por Carolina Marçal

Fenae cobra do banco reconhecimento do trabalho dos empregados e critica lucro baseado na venda de ativos

A Caixa Econômica Federal apresentou lucro líquido de R$ 3,218 bilhões no quarto trimestre de 2021 (4T21), o que representa um aumento de 0,3% em relação ao terceiro trimestre e queda de 43,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior.  No consolidado do ano passado, o banco teve lucro recorde de R$ 17,268 bilhões, com alta de 31,1%. Os resultados apontam que o foco da atual gestão continua sendo a venda de ativos que criam resultados não recorrentes.

 “A direção da Caixa e o governo estão firmes no propósito de vender áreas rentáveis do banco, como DTVM, Cartões e Loterias, o que pode enfraquecer o banco a médio e longo prazo. Esse é um alerta, que nós da Fenae já estamos fazendo há algum tempo”, ressalta o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto. 

Em 2019 e 2020, os eventos não recorrentes representaram 68% e 34%, respectivamente, do lucro líquido da Caixa. Em 2021, estes somaram R$ 7,15 bilhões, o que corresponde a mais de 40% do lucro líquido do mesmo período, que totalizou R$ 17,26 bilhões.

No relatório do 4T21, são citados como eventos não recorrentes acumulados em 2021: R$ 1,472 bilhões – acordos operacionais Caixa Seguridade (TokioMarine, IcatuSeguros, CNP e TempoAssist);        R$ 1,863 bilhões – Venda de ações Banco Pan; R$ 3,270 bilhões – Venda de ações da Caixa Seguridade; R$ 315 milhões – Acordo Caixa Cartões; R$ 136 milhões – Venda imóveis FII CAIXA Agências; e R$ 97 milhões – PDV.

Segundo os dados do 4T21, os resultados da Caixa Seguridade ficaram cerca de R$ 96 milhões abaixo do esperado. A venda de participação e a formação das parcerias não geraram o incremento de resultados alardeados pela gestão da empresa à época do IPO.

Esforço dos trabalhadores sem reconhecimento

Para o presidente da Fenae, o lucro do banco é fruto do esforço dos trabalhadores, que não tem sido reconhecido pela atual gestão. “Os empregados do banco, que têm se desdobrado para atender milhões de brasileiros, continuam sobrecarregados e sofrendo pressões por meta e assédio moral”, acrescenta Takemoto.

A Caixa encerrou o ano de 2021 com 86.004 empregados, o que representa aumento de 4.059 postos de trabalho em doze meses. Esse crescimento foi decorrente do cumprimento da ação judicial para contratação dos concursados de 2014, na qual a Fenae e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) são assistentes.

As novas contratações repõem, apenas em parte, o maior quantitativo de empregados que a Caixa já teve (100.677, no ano de 2014), além de permanecer distante das 10 mil contratações prometidas pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, em julho de 2021. A Caixa registrou incremento de aproximadamente 369 mil de novos clientes. 

Basileia

O Índice de Basileia, que representa quanto um banco deve ter em relação ao que empresta, foi de 19,3% em 2021, praticamente o dobro do mínimo exigido de 11%. Essa diferença substancial indica que o capital do banco está longe da melhor forma de gestão. 

Participação no mercado

Com relação à qualidade de crédito, houve uma piora em relação à 2020: o percentual de operações em atraso acima de 90 dias saltou de 4,3% para 4,7% em 2021; a inadimplência teve uma alta de 0,22% em 12 meses.

Foi registrado ainda uma queda na participação do banco no mercado quando comparados os dados dos dois últimos anos. Na poupança, em 2020, representava 37,6% e caiu para 35,4% em 2021; no CDB, a queda foi de 4,2% para 2,7%. Em Letras Financeiras, a redução na participação foi de 6,3% para 3,7%. A Caixa só manteve o mesmo nível de participação no mercado de fundos- 8% em 2020 e 2021.

Informações retiradas na íntegra do site da FENAE

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